Queridos irmãos religiosos e leigos da Família Pavoniana:
O mês de outubro é dedicado ao rosário. De fato, no dia 7, celebra-se a festa da Virgem do Rosário, que foi instituída por São Pio V (papa de 1566 a 1572). A data escolhida recorda o aniversário da vitória obtida pelos cristãos ocidentais, na Batalha de Lepanto (1571). Lepanto assegurou a prevalência do cristianismo como religião universal, como marco moral e forma de vida. Exorto encarecidamente a não descuidar esta prática de piedade, na qual, com Maria, meditamos os mistérios de Cristo. Rezemos o terço com estas duas intenções: a saúde de nossos irmãos e irmãs doentes e pela paz no mundo. Papa Francisco continua a nos convidar, com insistência, a rezar pela paz, para que acabem os conflitos bélicos, que tanto mal estão causando à humanidade, especialmente, aos mais pobres.
Concluímos o mês de setembro com a formação permanente dos irmãos anciãos, em Spotorno. Não éramos muitos, mas foram dias muito enriquecedores para todos. Tivemos os exercícios espirituais, guiados por pe. Gabriel Ferlisi, agostiniano descalço que, com simplicidade e partindo se sua experiência pessoal, nos ajudou a redescobrir a essencialidade de Deus em nossa vida consagrada, neste momento de nossa história pessoal. Em companhia de Santo Agostinho, incansável buscador de Deus, mostrou-nos a importância de pôr Deus no centro de nossa vida, acima de nossos intereses pessoais, gostos e projetos. “Tarde te amei! Tarde te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu te amei! Eis que estavas dentro de mim, e eu, fora – e fora te buscava, e me lançava, disforme e nada belo, perante a beleza de tudo e de todos que criaste. Estavas comigo, e eu não estava contigo… Seguravam-me longe de ti as coisas que não existiriam senão em ti. Chamaste, clamaste por mim e rompeste a minha surdez. Brilhaste, resplandeceste, e a tua Luz afugentou minha cegueira. Exalaste o teu Perfume e, respirando-o, suspirei por ti, te desejei. Eu te provei, te saboreei e, agora, tenho fome e sede de ti. Tocaste-me e agora ardo em desejos por tua Paz!” (Livro das Confissões).
Nos dias seguintes e ajudados por pe. Battista Magoni, refletimos sobre a Vida Consagrada na terceira idade. O título das reflexões foi: “A hora se completa”. Foram quatro os temas desenvolvidos: Do tempo e da realizaçã; Diante da velhice; Cadeias do passado e vitaminas para o futuro e As funções bíblicas dos anciãos e dos avós. Devo dizer que foram temas muito bem preparados e expostos com brilhantismo que fizeram bem a todos. Peregrinamos por três santuários da Ligúria: a Virgem da Guarda (Gênova), a Virgem da Misericórdia (Savona) e a Virgem do Deserto (Millesimo). Nos três santuários, rezamos o terço por toda a Família Pavoniana e pela paz no mundo. Vivemos tudo isso num clima de fraternidade, de oração e celebração tranquilas. Dou graças a Deus que me permitiu viver esta experiência com nossos irmãos mais velhos, guardiões da memória.
Nestes mês de outubro, celebra-se a segunda sessão do Sínodo sobre a sinodalidade. Não nos esqueçamos de rezar por este evento que ajudará toda a Igreja a voltar-se para o evangelho, a estar em perene conversão e a ser Igreja missionária, capaz de sair para levar a mensagem de Cristo a todos os povos.
Em alguns contextos (Europa, África, Filipinas, México), estamos recomeçando as atividades apostólicas, depois de um merecido descanso. Em outros contextos, estamos caminhando para o final de um ano de atividades apostólicas. Também alguns irmãos foram mudados de comunidade ou de atividade. Os primeiros estão num tempo propício para fazer programações comunitárias e apostólicas; os segundos estão chegando ao momento de fazer a avaliação do ano transcorrido. Exorto a todas as comunidades a que, junto com os leigos, realizem um encontro em clima de retiro espiritual para programar ou avaliar. Os superiores de comunidade liderem estes encontros, tendo em conta estes pontos:
A) A Família Pavoniana, fonte de crescimento pessoal
1. Dentro da Família Pavoniana local, todos devem ter garantidos o tempo, o espaço e os meios para um crescimento como pessoas e como filos de Deus,
⦁ Há cuidados com a formação pessoal?
⦁ Há tempo para a leitura, a meditação e a oração pessoal?
⦁ Há um projeto pessoal de vida?
⦁ Existe a figura do diretor espiritual?
B) A Família Pavoniana deve ajudar a crescer na oração e celebração comunitárias
1. A oração e celebração comunitárias ajudam a crescer no caminho da santidade. “A Família Pavoniana, “lugar” de encontro com a salvação de Deus, “lugar” de mediação da salvação por meio do dom (carisma) dado a S. Ludovico Pavoni”. (DC 2014. N. 4)
2. “Nossas comunidades tenham no centro Cristo” (DC 10. 1a). “Cuidar, preparar e viver a oração comunitária (sobretudo, a partilha da Palavra e da Regra de Vida) (DC 10. 1b)
⦁ Os tempos e os espaços para a oração e a celebração comunitária são garantidos?
⦁ A leitura, a meditação e a partilha da Palavra são uma realidade em nossa Família Pavoniana?
⦁ Existe, em nossas realidades, a celebração comunitária do perdão?
⦁ A oração da comunidade está aberta aos leigos?
⦁ Existe, em nossas realidades, a celebração da eucaristia, religiosos e leigos juntos, no início do ano de atividade, no Natal, na Páscoa e no final do ano de atividades?
⦁ A oração incide na vida cotidiana e nos ajuda a ser pessoas espirituais, isto é, a olhar a realidade como Deus a vê?
C) A Família Pavoniana deve ajudar no crescimento da fraternidade e do “espírito de família”
1. “Nossas comunidades sejam unidas, acolhedoras, abertas ao local onde estão, capazes de enfrentar e superar os conflitos e as diferenças” (DC 10. 2ª). “Nossas comunidades sejam capazes de partilhar os bens espirituais e materiais” (DC 10. 1ª)
⦁ Existem encontros comunitários periódicos, onde podemos compartilhar vida e caminho de seguimento do Senhor, na vocação pavoniana? Compartilhamos alegrias, esperanças e também dificuldades e frustrações?
⦁ Estamos crescendo em humanidade? Cuidamos uns dos outros?
⦁ Organizar alguns momentos fortes de comunhão fraterna: romarias, lazer, visitas culturais, trabalho manual e doméstico, retiros intercomunitários, programações ?(DC 10. 2b)
⦁ Sentimo-nos “unidos por estreitos vínculos de caridade”? Introduziu-se em nossas comunidades e núcleos o espírito da indiferença ou nos valorizamos e nos queremos pelo que somos, irmãos?
⦁ Minha comunidade, meu núcleo de Família Pavoniana é um testemunho de comunhão para os que nos veem? Podemos dizer que as pessoas nos admiram porque veem que nos amamos de verdade?
D) A Família Pavoniana deve ter uma fidelidade criativa quanto à missão específica a ela confiada
1. “Devemos procurar, o mais possível, não perder a nossa identidade carismática, que se concretiza na paixão em estar com os adolescentes e com os jovens. De fato, como pavonianos, nascemos para nos dedicar à obra educativa em nível preventivo, recuperativo, mas, sobretudo, promocional: a expressão máxima da nossa missão é ser educadores. (DC 11). “É importante que a comunidade toda, religiosos e leigos, sinta-se corresponsável e animadora das atividades” (DC 12) “Crie-se um relacionamento entre religiosos e leigos baseado não somente em “trabalhar juntos”, mas, também, na ajuda recíproca, para chegar a um estilo mais familiar, feito de escuta, acolhida e valorização do outro ” (DC 10. 5ª)
⦁ Acreditamos na família carismática e na missão compartilhada, religiosos e leigos em sinergia e colaboração na condução das atividades? Isto se dá em minha comunidade?
⦁ Somos disponíveis e generosos na missão que nos é confiada?
⦁ Preocupamo-nos e somos sensíveis ao mundo dos adolescentes e jovens ou os julgamos sem mesmo conhecê-los?
⦁ Estamos convencidos da necessidade de trabalhar em rede com outros organismos e entidades?
E) A Família Pavoniana em caminho com uma Igreja missionária em saída
1. “A Vida consagrada está chamada a trabalhar por uma sincera sinergia entre todas as vocações existentes na Igreja” (Carta de papa Francisco para o ano da vida Consagrada. N. 3). “Espero também de vocês o que peço a toda a Igreja, sair de si mesmos para ir às periferias existenciais. «Ide por todo mundo»» foi a última palavra que Jesus dirige aos seus e que continua dirigindo a todos nós ( Mc 16,15)” (Carta de papa Francisco para o ano da vida Consagrada. N. 4)
⦁ Estamos conscientes de que a missão pavoniana faz parte da única missão confiada à Igreja?
⦁ Sentimo-nos Igreja? Participamos ativamente em nossa comunidade paroquial?
⦁ Interesso-me pelo caminho da Igreja local e universal?
⦁ Lemos e meditamos os escritos do papa e dos bispos?
⦁ Entre religiosos e leigos se dá este intercâmbio de dons que nos enriquece a todos e que nos faz sentir todos discípulos do único Mestre?
⦁ Continua vivo em nós o desejo do nosso padre fundador: Que a Família possa estender seus caritativos braços (Ideia Geral) em outras nações? (DC 28. 5ª).
Estes e outros pontos deveríamos levar em conta em nossas programações e avaliações para não viver na rotina, na acomodação e na mediocridade. Sempre é bom mirar o ideal. Somos chamados a ser águias reais, voar alto e não frangos de granja.
Agenda do mês
⦁ 2-27 Segunda sessão do Sínodo sobre a sinodalidade, em Roma;
⦁ 4-5: Conselho geral, em Tradate;
⦁ 6: Encontro dos ex-alunos de Milão;
⦁ 16: Oitavo aniversário da Canonização do Fundador;
⦁ 21-19 de novembro, visitarei as comunidades e atividades da Província do Brasil.
Ponho o caminho de nossa Família sob a proteção da Virgem Maria, em suas invocações do Rosário, Pilar e Aparecida e de nosso santo fundador, Ludovico Pavoni.
Um abraço fraterno e sempre agradecido.
Tradate, 30 de setembro de 2024
Ricardo Pinilla Collantes